Vale lembrar que quando a pandemia fechou todas as portas onde ninguém mais saía ou entrava, o setor de turismo se estagnou. Pacotes de turismo vendidos anteriormente à pandemia, prevendo os meses seguintes, não foram cancelados e se mantiveram reservados até os primeiros momentos da flexibilização. Então, o aquecimento que se deu no mercado à medida que os critérios de flexibilização foram atenuando, pacotes antigos foram resgatados e seus profissionais voltaram, organicamente, a atuar.
Basta observar os destinos clássicos do Brasil que recebiam o turismo de massa. Estes destinos voltaram a receber um grande número de veículos, voos retomaram suas rotas e o mercado de agenciamento e guiamento foi reaquecido. Destinos como Aparecida do Norte e Campos do Jordão, no Vale do Paraíba e Serra da Mantiqueira, respectivamente, receberam de volta clientes com viagens programadas com pelo menos 6 meses de antecedência à pandemia, somados ao período de estagnação de quase dois anos.
Foi preciso antes de mais nada, atender estes antigos pacotes como afirmaram as Associações de Guias de Turismo das duas cidades turísticas. A pressão das agências emissivas no atendimento aos clientes foi tão intensa que não houve profissionais o suficiente para guiamento nestes dois destinos. Na outra ponta, os operadores de turismo também se viram prejudicados com nova dinâmica do mercado à partir do momento que surgia um novo turista preocupado com antigas aglomerações e que passou a adotar medidas de bem-estar em primeiro lugar. Pacotes padronizados, de prateleira que eram vendidos em grande volume não tinham mais espaço no mercado de turismo pós-pandemia.
Assim, agências de turismo receptivo enxergaram em seus territórios a chance de se promoverem como agências segmentadas oferecendo pacotes de curta distância e ao ar livre. Suas posições geográficas, situadas em municípios interioranos, ricos pela natureza, história, cultura e outras vocações se tornaram destinos capazes de provocar grandes transformações na atividade. Uma delas foi o atendimento de um formato de grupos menores e personalizados, pouco difudido no Brasil mas muito comum entre estrangeiros. Os destinos alternativos que surgiam, apesar de oferecerem uma paisagem e experiências novas, possuiam interesse em grupos menores e que causassem riscos e impactos menores.
Neste sentido, enxergou-se a oportunidade e espaço para a criatividade e reinvenção dos operadores, agências e guias de turismo a exemplo dos tours guiados de forma personalizada desde um indivíduo apenas até o limite de 10 clientes no máximo.
E a inovação, sem dúvida nenhuma, fica por conta das experiências que estes destinos alternativos foram capazes de proporcionar ou que operadores, agências e guias de turismo foram capazes de detectar, produzir e comercializar.
E você, qual a sua próxima inovação? Vai esperar por outra pandemia?
Por Regina Midori Fukashiro - Coordenadora de Projetos da Fundação Fórmula Cultural e de Coordenação de Conteúdo da Trip Rural.